terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lembranças da restauração da Igreja Matriz de São José de Nova Era ( A verdadeira história )

Terezinha de Souza Araújo


Em janeiro de 1990 teve início as obras da Igreja Matriz de São José que estava em estado precário, quase caindo. Eu já fazia parte dos seviços da igreja: ajudava arrumando-a para as missas, dava catecismo e gostava de vender algumas guloseimas após a missa das crianças ás 8h da manhã para angariar fundos para os trabalhos da catequese.
Com esse dinheiro arrecadado comprávamos bolos para o dia das mães, dos pais, das crianças e quitavamos as despesas da Primeira comunhão. Assim foi um bom tempo, eu e as colegas catequistas.
Em 1989 fui procurada por Dona Doca e Aparecida Gervásio que me convidaram para organizar um almoçoem benefício de obras de restauração da Igreja Matriz de São José que estava caindo. Eu não dispunha de recursos financeiros mas tive muita vontade de ajudar com meu trabalho. As reuniões começaram a ser feitas na casa de Dona Doca. Toda semana um grupo de mais ou menos 7 pessoas se reuniam com muito entusiasmo, garra e boa vontade. Dona Doca e Aparecida Gervásio arrecadaram muitos ingredientes para o primeiro almoço, que aconteceu em uma festa no Minas Esporte Clube no dia 28-04-1989. Nesse dia o tempo não estava muito bom e Aparecida sempre olhava para o céu e implorava a Deus e a São José que deixasse a chuva para depois da festa. Foram 3 dias de muita alegria: almoço, jantar, leilão com chifre de bois numa brincadeira organizada por José Raimundo. Daí em diante não paramos mais de promover barraquinhas: na Praça da Liliu, nas festas da cidade, na Praça da Matriz, etc.
No ano de 1991 começaram as missas de quarta-feiras celebradas por padre Tacílio na Igreja Matriz ás 19h. Dona Ilma Brandi me telefonou e pediu para fazer uns pastéis para vender no final da missa. Como eu não sabia fazer pastel procurei a receita com uma colega. Aprendi a fazer a massa, abrir e rechear o pastel. Fui me aperfeiçoando e em março de 1991 começei a fazê-los em minha casa e vendê-los após as missa de quarta. Nana me ajudava fazendo as caixas, como também Paulinho e Weston não mediam esforços neste trabalho, levando os pastéis, vendendo amendoim torrado e beijo quente. Assim esse fato passou a marcar o funciona mento da Casa de Cultura, situada no porão do museu. Todos os nosso encontros eram marcados com muita alegria. Vendíamos velas, suco e água até no cemitério do dia de finados.
No ano seguinte passamos a fazer barraquinha de março no adro da Igreja Matriz. Os recursos eram poucos e as barracas eram feitas de bambu e bancos da igreja, com a ajuda de Efraim, Valfredo, Paulo, Quimquim e Elvécio. Tudo com muita dificuldade, mas com boa vontade. Sempre chovia muito no mês de março . Nas barraquinhas choviam muito dentro e a enxurrada passava nos nossos pés. Mesmo assim não desistíamos. Fazíamos várias brincadeiras para as crianças, como pescaria, boca de bobo e corrida do porquinho da Índia. Reginaldo ( hoje falecido ) não media esforços para andar arrecadando prendas para o leilão.
Assim se passaram 10 anos : fazendo os pastéis em minha cas com ajuda da minha mãe que na época tinha 76 anos, os meninos me ajudando a carregar até a casa de cultura. O dia mais esperado era o dia 19 de março, em que havia a procissão. Elvécio com todo cuidado e carinho enfeitava o andor de São José com lírios brancos. São José, nos braços dos fiéis descia e subia as ladeiras e praças, abençoando todos os novaerenses. A cada ano a festa foi crescendo: shows, fogos iluminando o céu da cidade e descendo em forma de bençãos, os fiéis fazendo pequenas mas significantes doações para ajudar na festa. O Sr. Sávio Martins e sua família também não mediam esforços para ajudar no brilhantismo da festa. Não tinha dia nem hora para ele buscar e serrar madeiras de seu terreno para ajudar na reforma da igreja.
O tempo foi passando e simplismente fomos despejados da Casa de cultura pelo então prefeito que não quis que funcionasse ali nosso centro. Não desnimamos. Colocávamos o fogão no adro da Matriz, tampavamos os lados com papelão por causa do vento e assim eram fritos e vendidos os pastéis. Com o pouco dinheiro que era arrecadado, aos poucos conseguimos arrumar o cômodo que ficava ao lado da igreja e servia como depósito para os materiais da restauração. O restaurador de apelido Baiano montou uma mesa para abrirmos os pastéis. Elvécio levou o cilindro que era de sua mãe e aí começamos a fazer os pastéis no barracão sem precisar carregá-los de minha casa. Dona Efigênia e Dona Zilar começaram a ajudar, fazendo pastéis e canjica grossa. A festa foi crescendo, mas tudo muito simples e com muito carinho. Depois das missas durante a novena do mês de março tinham alguns shows mais simples como o sempre presente e saudoso Mário Margarida e seu violão. Ele sempre esteve presente nas festas com suas lindas músicas.
A festa foi crescendo com os casais que passaram a apadrinhar a festa. Mas era difícil conseguir os casais festeiros, sempre voltavamos das casas dos convidados com um 'não'. Mesmo assim sempre apareciam alguns dispostos a isso. Os shows culturais como Minas ao Luar, grupo Sarandeiros e outros enriqueciam a festa.
O Sr. Sávio Martins com seus colegas começaram a promover leilões de gado, a princípio no adro e hoje em sua fazenda. É outro momento de discontração e alegria para todos.
No início da festa eram amassados 100Kg de massa de pastel no dia 19 de março. O cansaço era tanto que às vezes eu me deitava no chão do barracão para descansar. Mas tudo valeu muito a pena. A Igreja Matriz está de pé. Foram 20 anos de luta, poiso processo de restauração é demorado e caro.
O que nos incomoda e chateia é quando pessoas que nunca participaram das atividades e não sabem o que se passou nessa história ficam perguntando quando a igreja ficará pronta e o que a equipe faz com o dinheiro da festa. Restauração e mão-de-obra são caras.
O que importa mesmo é que Deus nos deu forças para executar esse trabalho e hoje ela está praticamente restaurada. Que São José recompense a todos que nos ajudaram e que um dia confiou nessa equipe que está a frente dessa grande obra. A Igreja matriz é uma arte e devemos preservá-la para as próximas gerações. Que São José abençoe a todos !